Escavar, Escavar, Escavar...

Bem, já andei a passar os olhos pela reliquia que achei, e muita coisa que escrevi lá, realmente assemelha-se ao que eu sentia na altura.

Caos e Ódio.

Um estado de espirito e uma emoção. Hoje em dia ainda habitam o meu ser, mas já não com a mesma força de tempos passados. A puberdade mete as hormonas ao rubro, e com isso as emoções ganham força. É uma altura da vida importante, decisiva, para a vida duma pessoa. Ficamos marcados pelos acontecimentos e emoções que experimentamos e sentimos. E pela ausência deles.

Aconteceram-me coisas que deram-me cicatrizes profundas. Senti uma emoção que, talvez correspondida, eu seria hoje diferente. Não aconteceram coisas, por minha culpa, que levaram a que o ódio ficasse a emoção predominante, que levaram a que eu ficasse vingativo, rancoroso, cruel e frio. Hoje tive um desses exemplos. Se tal acto cruel e frio que fiz, se a pessoa merecia, eu não sei. Mas não senti remorso. Senti um arrepio quando ouvi a noticia que me levou consequentemente ao acto, mas no acto em si, e na resposta da minha progenitora, não senti nada que me levasse a pensar "Epa, realmente fui despropositado".

Com tempo tenho estado a abrir as minhas defesas, por vezes com bons resultados, maioria maus. Aprecio os bons, aprendo com os maus, e sigo em frente.

Penso que o que quero dizer com isto é que tenho esperanças de deixar este ódio e estes acontecimentos que fizeram-me fechar dentro dum casulo para trás, abandonar esta desconfiança que adquiri, e começar a aprender a confiar outra vez.

Somos todos marcados pelos acontecimentos da vida. Alguns têm a sorte, não lhes acontece nada de drástico, ou conseguem rapidamente lidar com os acontecimentos e seguirem em frente; outros têm azar, deixam-se enmaranhar nas teias da duvida, falta de auto-estima, sentimentos de não pertencerem a lado nenhum, e dai posso apenas visualizar duas saidas: ficamos desiludidos com nós próprios e achamos que tudo o que acontece á nossa vida deve-se á nossa inutilidade; ou tornamo-nos agressivos, e viramo-nos, com toda a raiva que podemos gerar, contra aqueles que não nos aceitaram.

Talvez haja mais saidas. Talvez não. O ser humano é sem duvida o animal mais complexo neste planeta.

Mas não deixamos de ser animais, e sem duvida que os nossos instintos primais, por muito que tentemos esconder ou inibir, ainda estão dentro de nós, e quando deixamos a lógica de parte, e actuamos á base de emoções, as barreiras são deitadas abaixo, e o animal sai cá para fora.

Eu... acho que o animal em mim, ele anda sempre á minha volta, "ataca-me" e por vezes obtem pequenas vitorias. É nessas pequenas vitórias que eu torno-me cruel, frio. É nessas vitorias que falou coisas insensiveis em situações sensiveis, actuo duma maneira egoista e maquiavélica. E as vezes, tento depois sentir remorsos, mas não consigo, porque dentro de mim, as coisas fazem sentido, e raramente influências externas conseguem influenciar-me.

Aos meus amigos, do passado e do presente, que já aconselharam-me, muito do que escrevo aqui escrevo lembrando-me do que me disseram. Obrigado, por importarem-se, por serem amigos espectaculares e por ainda, depois de passados anos, continuarem meus amigos.


Mudando completamente de assunto, achei várias cotações de vários filósofos e poetas, entre outros. Vou postar umas quantas aqui, quando tiver tempo para tal. Entretanto deixo-vos uma que para mim é a mais importante:

Crê nos que buscam a verdade. Duvida dos que a encontraram.

André Gide