Check-up

Acho que não devo namorar.

Para alguém com eu, é uma perda de tempo e recursos. E há muito que o meu instinto avisava-me, mas não lhe prestava atenção. As parvoíces que faço não se devem à inexperiência ou inaptidão.

Não, devem-se ao meu instinto, que faz com que eu faça ou diga parvoíces e coisas estúpidas deliberadamente.

E não é só o meu instinto. Outros já tinham-me mostrado isto, mas até que ponto eles próprios tinham e têm noção disso, eu não sei.

Devo abandonar-me, este ser fraco e perdido, para puder encontrar-me. O que serei quando encontrar-me? Não sei, mas não estarei tão confuso, tão à deriva na minha mente. Poderei ver o caminho à minha frente e senti-lo nos meus pés.

Mas não ire namorar. Nem amar. Pois eu dou muito de mim, e não recebo, não sinto que recebo, em igual medida. Isso acaba por desgastar-me, corroer-me o espírito aos poucos. Não posso depender dos outros, seja para apoio ou força. Não sei o que pensam de mim, mas dúvido que seja pena. Talvez pensem que sou fraco, patético até. Um coitado talvez. Isso enraivece-me. No meio de tantas dùvidas sobre mim mesmo sobre o que fazer, há sempre a constante raiva. Raiva pelo mundo em que me encontro, pelo mundo em que vivo, pelas pessoas que conheço.

Tenho de mudar, para o meu próprio bem. Tenho,como alguém já mo disse, de me pôr à frente dos outros. De todos os outros. Tenho de tomar controlo da minha vida e parar de a moldar para agradar os outros.

Não gostam de mim assim? Então f*dam-se. Virar-vos-ei as costas como se fossem um lenço de papel higiénico aonde acabei de limpar o cu. Um amigo verdadeiro aplaudir-me-á, o resto apenas irá perder um gajo que ouvia e aguentava com merdas que mais ninguém quer saber e com feitios que não interessam nem a mortos.

Se não me pagam ou dão-me alguma vantagem de qualquer tipo que seja, porque é que tenho de vos aturar?

Resposta: Não tenho.

Noto agora que divaguei. Bem, que se lixe. Se ainda estão a ler, é porque estão interessados. Portanto, ia nos namoros. Que se lixem, ilusões e fantasias e cantos de sereias, um sonho alcoólico cor-de-rosa que acaba quando acordamos (ou somos acordados) para a realidade. E com uma p*ta duma bruta ressaca como acompanhamento.

Sim, porque acabar o namoro com aquela que supostamente (ou não) amamos cria uma bela selecção de emoções e sentimentos.

Ódio, tristeza, depressão, culpa, negação. Levem um, levem todos, vocês nem notam quantos têm.

Oh sim e não esquecer as relações sem compromissos, que vai apodrecendo a alma enquanto procura-se algo emocional, uma ligação amorosa maior parte das vezes, numa coisa completamente carnal. Isto claro se vocês tiverem alma, há quem não tenha e vive muito feliz com isso.

Enfim... Não fui feito para namorar, e não devia chatear-me com engates e isso. Há só trabalhos e complicações e uma bruta ressaca nesse caminho.

Por isso neste momento vou percorrer o caminho da satisfação pessoal e ver aonde me leva. E vou olhando para trás para ir vendo quantos corpos de parasitas e vermes vou deixando pelo caminho, partidos, queimados, arrasados.

Talvez assim consiga, finalmente, ver quem são aqueles com que posso contar para o futuro, e aqueles que posso esquecer tão depressa como a memória duma piranha.

Porra que já tinha-me esquecido de como sabia bem vir para aqui descarregar XD